
CHACCU:O TESOURO DOURADO DOS INCAS
PERU, 2017-2019
A 4.191 metros acima do nível do mar, nos vales andinos ao norte do Lago Titicaca, a comunidade quéchua se reúne todos os anos para o Chaccu — um ritual ancestral herdado dos povos incas. Em uma paisagem árida e ventosa, onde as nuvens se movem tão rápido quanto a luz, esse ato coletivo de cercar vicunhas selvagens é, ao mesmo tempo, cerimônia e sobrevivência.
A vicunha, um camelídeo valorizado por sua lã finíssima, já percorreu essas terras em grandes números antes de quase ser extinta pela caça. Hoje, graças à retomada de práticas ancestrais como o Chaccu — e ao esforço coletivo de comunidades como Picotani —, a espécie tem se recuperado de forma impressionante. Aqui, a vida segue em estreita sintonia com os animais, as montanhas e as tradições que sustentam ambos.
Para Ernestina Quispe, pastora, tecelã e mãe, essa vida é profundamente pessoal. Nascida e criada ali, caminha pelo altiplano com sua filha adotiva Gabriela, cuidando de alpacas e vicunhas, muitas vezes levando consigo um tear feito à mão. Tecendo nos campos como faziam seus antepassados, Ernestina mantém viva a memória cultural de sua comunidade — fio por fio, ritual por ritual, estação por estação.
Quem é Ana Caroline de Lima?
Ana Caroline de Lima é fotógrafa, jornalista, antropóloga e Exploradora da National Geographic, cujo trabalho aborda questões socioambientais, crise climática, bioeconomia, resiliência cultural e conservação ambiental.


















